Nesta safra, devido principalemente aos custos elevados e menor utilização de tecnologia, o resultado será menor quando comparado à safra anterior. Leia na sequência reportagem do Valor Econômico de hoje que fala sobre o assunto:
Conab vê colheita menor e programa intervenções
Afetada pela explosão nos custos de produção e pela falta de crédito barato, sobretudo na região Centro-Oeste, a nova safra de grãos, fibras e cereais será menor do que previa inicialmente o governo. Na média das previsões divulgadas ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita total deve recuar para 140,75 milhões de toneladas, um resultado 2,2% inferior ao recorde histórico de 143,82 milhões de toneladas registrado no ciclo anterior. A área plantada deve registrar expansão de até 1,2%, para 47,95 milhões de hectares.
Embora trabalhe com dois cenários para a produção na campanha 2008/09, um mais otimista que prevê 141,83 milhões de toneladas (queda de 1,4%) e outro mais pessimista, estimado em 139,65 milhões (- 2,9%), há um consenso nas previsões da Conab: a necessidade de intervenção do governo na comercialização da safra, a partir de fevereiro de 2009, como forma de evitar uma queda abrupta nos preços ao produtor durante o auge da colheita.
Entre subsídios diretos "na veia" e ações de sustentação de preços, a Conab tem reservados R$ 1,5 bilhão para comprar até 6,65 milhões de toneladas de grãos, fibras e cereais. Os planos da Conab incluem o uso de R$ 470 milhões para sustentar as cotações de algodão, outros R$ 353 milhões para apoiar a comercialização de 2,66 milhões de toneladas de milho e R$ 175,5 milhões para auxiliar 1,5 milhão de toneladas de trigo.
Também há R$ 180 milhões para apoiar 1,5 milhão de toneladas de arroz e R$ 5 milhões para 100 mil toneladas de feijão, além da previsão de R$ 318 milhões para enxugar até 190 mil sacas de café no mercado. Para a soja, mesmo com os problemas de falta de financiamento de tradings e fornecedores de insumos, nada está previsto. "Queremos garantir renda ao produtor com o menor impacto possível sobre os preços ao consumidor", resume o diretor de Logística da Conab, Sílvio Porto.
O governo também reservou R$ 2,3 bilhões para promover a aquisição direta de 5,9 milhões de toneladas de vários produtos e garantir a recomposição dos estoques públicos de passagem, usados em épocas de combate à inflação. A Conab estima comprar 4 milhões de toneladas de milho a um custo total de R$ 940,1 milhões e 1,65 milhão de toneladas de arroz com R$ 825,5 milhões.
Também prevê gastar R$ 80,7 milhões na aquisição direta de 100 mil toneladas de feijão; R$ 73,4 milhões na compra de 24,7 mil toneladas de algodão; e R$ 50,3 milhões com 135 mil toneladas de trigo.
A previsão de safra divulgada ontem pela Conab mostra que a produção do Centro-Oeste sofrerá os maiores impactos da crise de crédito iniciada com a saída do mercado de tradings e fornecedores de insumos, tradicionalmente os maiores financiadores do setor na região. A redução da área plantada ficaria entre 1,7% e 3,4%, segundo a Conab. A produção recuaria de entre 5,5% a 7,3% - de 46,73 milhões até 47,64 milhões de toneladas. "A soja tem a maior relação com a retração das tradings e dos bancos privados, mas o governo dará um apoio na comercialização", afirma Sílvio Porto. "Não tenho dúvidas de que teremos que entrar no mercado".
Mesmo com as previsões sombrias, a Conab ainda guarda um otimismo com o futuro da nova safra. A origem está na elevação de 4,1% nas entregas de fertilizantes até setembro deste ano. Em Mato Grosso, o crescimento foi de apenas 3,5%, mas os produtores de Goiás compraram 9,5% mais adubos no período. "É um reflexo da ação das tradings. Mas ainda é um cenário altamente positivo. Não é apologia, mas dados que nos permitem fazer essas projeções", afirma o diretor.
Em sua previsão, a Conab estimou recuo na produção de soja, de 60 milhões de toneladas para até 58,39 milhões, a depender do cenário. Para o milho, a colheita deve ficar entre 54,3 milhões e 55,2 milhões de toneladas.
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