Encontrei na edição nº 20 de Abril-Junho da revista Opiniões, um artigo interessante que mostra o movimento de concentração no setor sucroalcooleiro através de fusões e aquisições de autoria de Gustavo Oubinha Barreiro do Rabobank International Brasil.
O artigo pode ser encontrado na íntegra diretamente no site da revista clicando aqui:
Vale lembrar que, ainda hoje, são mais de 350 usinas de açúcar e álcool no país, em sua maioria detida por grupos familiares, já em suas terceiras ou quartas gerações, e com desafios importantes de gestão e governança.
O crescimento mais recente do setor foi motivado pelo desenvolvimento do mercado de álcool combustível, que, por sua vez, se deu em função do desenvolvimento da tecnologia flex-fuel e dos investimentos pesados em cogeração de energia a partir de bagaço de cana.
No estágio mais acelerado da curva de crescimento do setor, foram abertas oportunidades para entrada de um grande número de investidores, muitos deles na condição de novos entrantes, tornando a consolidação possível.
Mas, nesta fase, a consolidação, embora possível, não ocorreu, uma vez que os investimentos em produção foram feitos na mesma medida em que a demanda crescia.
Certamente, estamos vivendo um momento extremamente propício para uma consolidação mais efetiva da indústria, seguindo uma lógica clara para tanto, que, certamente, poderá fazer com que o setor transforme-se e reinvente-se na mão de grupos com grande capacidade de gestão, recolocando-o, de novo, no lugar de destaque que lhe é absolutamente devido.
O artigo pode ser encontrado na íntegra diretamente no site da revista clicando aqui:
Fatores que levarão à consolidação do mercado sucroalcooleiro
O saneamento e a reestruturação das empresas e do próprio setor sucroalcooleiro passa, necessariamente, por um processo de consolidação do setor. A atual crise macroeconômica, associada à crise enfrentada pelo setor nos últimos 2 anos, tende a acelerar esse processo de consolidação, até este momento, incipiente.
Vale lembrar que, ainda hoje, são mais de 350 usinas de açúcar e álcool no país, em sua maioria detida por grupos familiares, já em suas terceiras ou quartas gerações, e com desafios importantes de gestão e governança.
A lógica por trás da consolidação do mercado é bastante clara e resume-se a 5 fatores principais: 1. economia de escala; 2. formação de clusters produtivos, com consequente ganho de poder de barganha junto a fornecedores; 3. integração vertical com consequente ganho de poder de barganha junto a clientes; 4. acesso ao mercado de capitais e a fontes de financiamento mais competitivas, e, finalmente, 5. melhoria na gestão, por meio da atração de profissionais de competência reconhecida pelos mercados.
O crescimento mais recente do setor foi motivado pelo desenvolvimento do mercado de álcool combustível, que, por sua vez, se deu em função do desenvolvimento da tecnologia flex-fuel e dos investimentos pesados em cogeração de energia a partir de bagaço de cana.
Isso levou a uma nova dinâmica de consolidação de mercado, que no seu estágio inicial justificou investimentos, em função da forte demanda por veículos flex-fuel, potencial de exportação de álcool combustível para outros países, perspectiva crescente para a exportação de açúcar e potencial de ganhos para produtores eficientes.
No estágio mais acelerado da curva de crescimento do setor, foram abertas oportunidades para entrada de um grande número de investidores, muitos deles na condição de novos entrantes, tornando a consolidação possível.
Mas, nesta fase, a consolidação, embora possível, não ocorreu, uma vez que os investimentos em produção foram feitos na mesma medida em que a demanda crescia.
Porém, o fato é que ainda existe um grande potencial de crescimento da demanda, tendo em vista o crescimento exponencial projetado para a frota de veículos flex-fuel - 90% dos veículos novos comercializados no país são flexíveis, o que corresponde a, apenas, 25% do total de veículos leves do país, e o baixo preço do álcool combustível, que o torna muito competitivo, frente ao preço da gasolina.
Além disso, uma fonte adicional de crescimento da produção e da demanda, embora ainda incerta, é a exportação de álcool para países ou comunidades econômicas que iniciaram os seus próprios programas de incentivo ao uso de combustíveis renováveis, tais como Estados Unidos da América, União Europeia e Japão.
Todos estes fatores reunidos têm atraído um número significativo de empresas para o setor, que, de uma forma ou de outra, buscam se estabelecer como consolidadores da indústria, seguindo a lógica mencionada anteriormente.No entanto, como já indicado acima, existe pouca evidência de que um processo de consolidação acentuado tenha se iniciado até agora. Em geral, embora os principais grupos tenham expandido fortemente nos últimos 2 anos, por meio de aquisições e investimentos em projetos greenfield, a indústria como um todo cresceu em um ritmo muito semelhante. Como resultado, a entrada de um número significativo de novos entrantes naquele período manteve – até aqui – a fatia de mercado dos grupos líderes, relativamente constante, apesar dos investimentos acima citados.
Não obstante, a forte crise vivida pelo setor, especialmente durante o ano de 2008, com perspectivas não muito positivas para os próximos anos, no que diz respeito às margens relativas às vendas de álcool no mercado local, associada às difíceis condições macroeconômicas atuais, pode significar o início de um ciclo efetivo, e importante, de consolidação do setor.
Recentemente, vimos a aquisição da Nova América pela Cosan, e a aquisição da Santelisa Vale pela Louis Dreyfus Commodities - LDC, como sinais de início efetivo de tal processo de consolidação.
Por outro lado, os altos níveis de alavancagem das usinas e a resistência de certos grupos, em proceder de forma mais agressiva com aquisições em um momento tão favorável para tanto como o atual, assumindo, portanto, uma posição efetiva de consolidadores da indústria, poderão continuar a limitar esse processo de consolidação.
Certamente, estamos vivendo um momento extremamente propício para uma consolidação mais efetiva da indústria, seguindo uma lógica clara para tanto, que, certamente, poderá fazer com que o setor transforme-se e reinvente-se na mão de grupos com grande capacidade de gestão, recolocando-o, de novo, no lugar de destaque que lhe é absolutamente devido.
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