Após 5 meses de conversas e notícias desencontradas, a fusão Sadia - Perdigão foi sacramentada. As notícias abaixo de hoje mostram o cenário atual da empresa, porém no final do post, coloquei um post do site Investidor Jovem de janeiro de 2009 que analisa as duas empresas do ponto de vista do investidor:
Ações de Sadia e Perdigão disparam na Bovespa
Interesse dos fundos de pensão controladores da Perdigão em participar da oferta de R$ 4 bilhões em ações da Brasil Foods anima os investidores - 20.05.2009 17h00
Portal EXAME - Após despencarem com o anúncio de fusão, as ações de Sadia e Perdigão deram uma guinada nesta quarta-feira (20/5) e dispararam, liderando o ranking das maiores alta do Ibovespa. Às 15h56, as ações preferenciais da Sadia (SDIA4) eram cotadas a 4,69 reais, em alta de 8,56%. As da Perdigão (PDGA3) subiam quase o mesmo percentual, 8,53%, para 36,89 reais. "Daqui pra frente, as ações devem caminhar juntas, porque já foi definida a paridade de troca dos papéis", destaca Renato Prado, analista da corretora Fator.
A mudança de humor dos investidores em relação aos papéis, segundo Luciana Leocadio, analista da corretora Ativa, deve-se principalmente à divulgação de detalhes da operação que criará a Brasil Foods. "Os investidores estavam receosos quanto à oferta de ações de 4 bilhões de reais, mas depois que os acionistas majoritários sinalizaram interesse na compra dos papéis, a situação mudou. Somente isso já garantiria quase metade da oferta", diz Luciana.
Os principais acionistas da Perdigão são os fundos de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Petros (da Petrobras), Valia (da Vale), Sistel (do antigo sistema Telebrás) e Real Grandeza (de Furnas). Além deles, as famílias Fontana e Furlan, controladoras da Sadia, também podem participar da operação e há, ainda, a expectativa de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) seja um dos investidores.
A mudança de humor dos investidores em relação aos papéis, segundo Luciana Leocadio, analista da corretora Ativa, deve-se principalmente à divulgação de detalhes da operação que criará a Brasil Foods. "Os investidores estavam receosos quanto à oferta de ações de 4 bilhões de reais, mas depois que os acionistas majoritários sinalizaram interesse na compra dos papéis, a situação mudou. Somente isso já garantiria quase metade da oferta", diz Luciana.
Os principais acionistas da Perdigão são os fundos de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Petros (da Petrobras), Valia (da Vale), Sistel (do antigo sistema Telebrás) e Real Grandeza (de Furnas). Além deles, as famílias Fontana e Furlan, controladoras da Sadia, também podem participar da operação e há, ainda, a expectativa de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) seja um dos investidores.
Os cálculos da corretora Fator mostram que as ações da Brasil Foods devem ser negociadas a 30 reais. A avaliação considera um ganho de sinergia de aproximadamente 1,6 bilhão de reais, equivalente a 15% do valor de mercado de Sadia e Perdigão.
Outro ponto que pode estar influenciando os negócios é o compromisso assumido pela China de abrir seu mercado para a carne de frango brasileira. A medida criaria uma grande oportunidade para a Brasil Foods, que já nasce como a maior processadora de carne de frango do mundo. Essa abertura, na avaliação da Link Investimentos, "pode ser o primeiro passo para a conquista de um mercado muito mais relevante que o de carne suína. A expectativa é de que o chineses importem nesse ano cerca de 300.000 toneladas, o que representa quase metade das exportações brasileiras".
"Sadigão" nasce com dívida de R$ 10,4 bilhões
Empresa resultante da fusão Sadia-Perdigão fará oferta de ações de R$ 4 bi para reduzir débitos
Por Francine De Lorenzo 19.05.2009 12h22
Portal EXAME - A empresa criada pela fusão entre a Sadia e a Perdigão, denominada de Brasil Foods, nascerá com uma dívida líquida de 10,4 bilhões de reais. A maior parte herdada da Sadia, que fechou o primeiro trimestre deste ano com uma dívida líquida de 6,8 bilhões de reais, sendo 47,5% desse valor com vencimento no curto prazo.
O montante é considerado por analistas bastante elevado quando comparado à capacidade de geração de caixa da nova empresa. A dívida líquida da Brasil Foods será equivalente a 4,5 vezes o lucro antes de juro, impostos, depreciações e amortizações (Ebtida). "O ideal seria a metade disso", ressalta Peter Ping Ho, analista da corretora Planner.
O alto endividamento da Brasil Foods ajuda a explicar a queda das ações das duas empresas na BM&FBovespa. Às 12h04, os papéis da Perdigão (PRGA3) tinham queda de 4,26%, as ações ordinárias da Sadia (SDIA3) caíam 7,08% e as preferenciais (SDIA4) recuavam 2,64%.
A origem da dívida
A situação da Sadia se complicou no ano passado, quando a empresa contabilizou 2,6 bilhões de reais de perdas com operações financeiras. A empresa apostou em derivativos de câmbio fora do BM&FBovespa - portanto, no mercado a termo.
Com medo de perder rentabilidade com as exportações devido à queda do dólar, a empresa montou contratos bilionários em que apostava na manutenção da tendência de fortalecimento do real.
Com a quebra do banco americano Lehman Brothers e o agravamento da crise do crédito em todo o mundo, a moeda americana disparou no Brasil e obrigou a Sadia a levantar bilhões de reais para arcar com os compromissos assumidos com os bancos que estavam na outra ponta dos contratos de derivativos.
Como equacionar a dívida
Como equacionar a dívida
A fusão com a Perdigão não resolve de imediato o problema do endividamento da Sadia porque os acionistas vão receber ações - e não dinheiro – após a conclusão do negócio. O plano da Brasil Foods é realizar nos próximos meses uma oferta de ações com o objetivo de captar 4 bilhões de reais.
Os acionistas de Sadia e Perdigão terão prioridade na oferta, que será estendida ao mercado caso não seja completamente absorvida pelos acionistas. "Esse dinheiro servirá para dar fôlego à empresa. Assim, ela poderá se reestruturar, incorporar a sinergia gerada pela união e elevar sua geração de caixa. Mas não resolve de imediato o problema do endividamento", explica Ping Ho.
Se os recursos forem totalmente direcionados ao pagamento de dívidas, o endividamento da Brasil Foods deverá recuar para cerca de 2,8 vezes o Ebtida, calcula o analista da Link Investimentos, Rafael Cintra.
O mercado esperava que o anúncio da fusão viesse acompanhado de um aporte de capital por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou ao menos de uma promessa do banco de que participará dessa operação de venda de ações.
EXAME apurou, no entanto, que isso não será anunciado agora porque o acordo com o BNDES ainda não está fechado. Tanto a Brasil Foods quanto o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disseram que a participação do banco é possível, mas ainda depente de negociações futuras.
A falta de segurança de que o BNDES vai adquirir papéis suficientes para garantir o sucesso da operação foi uma das razões apontadas pelo mercado para a queda das ações das duas empresas nesta terça-feira na BM&FBovespa.
Apesar do forte passivo, a Brasil Foods será a maior processadora de carne de frango do mundo, a décima maior empresa do setor alimentício das Américas e a segunda maior do Brasil, atrás somente da JBS-Friboi, com um faturamento anual de mais de 22 bilhões de reais.
Apesar do forte passivo, a Brasil Foods será a maior processadora de carne de frango do mundo, a décima maior empresa do setor alimentício das Américas e a segunda maior do Brasil, atrás somente da JBS-Friboi, com um faturamento anual de mais de 22 bilhões de reais.
Stephanes acredita que competição no mercado vai continuar
A união da Sadia com a Perdigão na Brasil Foods dificilmente atrapalhará os produtores integrados às companhias no que se refere à questão dos preços de comercialização dos produtos, na opinião do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.
– Não acredito numa disputa por preço. Sadia e Perdigão são empresas com integração muito forte com os produtores – acrescentou.
Stephanes considerou positiva a fusão das duas empresas. Na avaliação do ministro, apesar da concentração de 40% do mercado com a união das duas companhias, o restante do segmento é bastante pulverizado.
– A competição vai continuar – previu, citando como exemplo a Aurora, uma grande cooperativa que concorre com as duas companhias e é formada por 450 mil associados.
Questionado a respeito da possibilidade de ocorrer com a Brasil Foods o mesmo que foi verificado com a Ambev (empresa do setor de bebidas formada inicialmente por duas companhias nacionais, mas que acabou sendo adquirida em grande parte por uma empresa belga), Stephanes negou taxativamente.
– O espírito do homem rural, da empresa rural, é outra coisa – comparou o ministro.
Sobre o impacto da fusão para o consumidor brasileiro, os executivos da Perdigão e da Sadia reforçaram nessa terça que as marcas e os produtos das duas companhias serão mantidas no mercado. Segundo o presidente da Perdigão, Nildemar Secches, a Brasil Foods será apenas um nome institucional e continuarão a ser apresentados os produtos Sadia, Perdigão, Batavo e Qualy, por exemplo. No mercado internacional, porém, a Brasil Foods fará um estudo com o objetivo de selecionar as marcas de maior aceitação e assim mantê-las.
Os executivos também negaram que a fusão resulte em prejuízos ao consumidor. O presidente do grupo Sadia, Luiz Fernando Furlan, disse que a empresa pretende repassar parte das sinergias para o bolso do consumidor.
– O objetivo da fusão é melhorar a competitividade e, automaticamente, ter preços melhores – reforçou Secches. (ZERO HORA)
Brasil Foods será a terceira maior exportadora do país
Em curto prazo, expectativa é que receita líquida chegue a R$ 30 bilhões
A Brasil Foods (BRF), empresa resultante da união da Perdigão com a Sadia, criará a terceira maior empresa exportadora do país, ficando atrás somente de Vale e Petrobras. Segundo dados das companhias, a receita líquida da BRF Brasil Foods é de R$ 22 bilhões, sendo mais da metade em exportações.
– Estamos convictos de que estamos criando um campeão e que será o maior exportador de carne do mundo – disse o presidente do conselho de administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan.
– Era uma solução quase óbvia de que iríamos nos unir – afirmou o presidente do conselho de administração da Perdigão, Nildemar Secches.
De acordo com os executivos, em curto prazo, a receita líquida da companhia poderá chegar a R$ 30 bilhões. Somente das novas fábricas da Sadia, a expectativa era incrementar em R$ 4 bilhões o faturamento no primeiro ano de funcionamento delas.
Os acionistas da Perdigão terão 68% da participação da BRF Brasil Foods, enquanto que a Sadia, 32%. O maior acionista individual será a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), com 12%. As famílias Furlan e Fontana, controladoras da Sadia, ficarão com percentual um pouco acima de 12%.
As marcas continuarão a operar separadamente e no Exterior haverá uma seleção por meio da análise de penetração de mercado. Os presidentes das duas companhias se manterão no cargo (José Antônio Fay, da Perdigão e Gilberto Tomazoni, da Sadia) e o conselho de administração da Brasil Foods será co-presidida por Furlan e Secches. O CNPJ a ser utilizado pela BRF será o da Perdigão.
A nova empresa terá mais de 116 mil funcionários. No Brasil, possui unidades nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco. No Exterior, possui fábricas na Holanda, Reino Unido, Romênia e Rússia e escritórios comerciais na Alemanha, Argentina, Áustria, Chile, China, Cingapura, Emirados Árabes, Holanda, Hungria, Inglaterra, Itália, Japão, Portugal, Rússia, Turquia, Uruguai e Venezuela. (Agência Safras)
A fusão entre Perdigão e Sadia
Sempre olhei com bons olhos o setor de alimentos e o considero obrigatório em qualquer carteira de ações. Além da preocupação em não concentrar meus investimentos em commodities, acredito que seja um dos setores mais promissores no longo prazo.
O ritmo de produção de alimentos no mundo não vem acompanhando a demanda devido ao rápido crescimento populacional. Na revista Veja do ano passado, lembro da reportagem com o título “Vai ter (comida) para todo mundo?” que começava com a frase: “O planeta mal consegue alimentar 6,7 bilhões de bocas hoje. O que ocorrerá em 2050, quando seremos 9,2 bilhões de terráqueos? A comida será cara e rara como nunca.”Neste setor, temos algumas opções de investimento: Sadia, Perdigão, Marfrig, JBS Friboi, M Dias Branco, Minerva, Açúcar Guarani. Neste post vou focar apenas em Perdigão e Sadia, pela semelhança entre as empresas e pela especulação que saiu hoje no jornal Valor Econômico sobre uma possível fusão entre as rivais.
As duas empresas possuem faturamento e valor de mercado muito semelhantes, o que mostra que estão competindo lado a lado no setor. A grande diferença é na variedade de produtos oferecida pela Perdigão e quantidade de centros de distribuição. No caso de uma fusão, a unificação dos centros de distribuição causaria grande efeito sobre as despesas.
Os gráficos acima mostram que as rivais são quase idênticas no mix de produtos vendidos para o mercado interno e externo. No mercado doméstico, a receita de processados/industrializados é dominante. Já no mercado externo, o que prevalece é a venda de aves e suínos in natura.
O resultado de 2007 foi favorável à Sadia, que conseguiu maior margem de lucro.
Fusão entre Sadia e Perdigão
Grandes fusões entre rivais já aconteceram mo mercado brasileiro. Em 1999 nasceu a Ambev, com a junção entre Brahma e a Antarctica. Há pouco tempo nasceu a B2W - inicialmente formada por Americanas.com e Submarino.
Como resultado, as fusões fortalecem a empresa e geram uma economia gigantesca em sinergias. No caso da B2W, é estimada uma economia de 800 milhões com a unificação dos centros de distribuição, logística e outros cortes de despesas. De acordo com a matéria publicada hoje no Valor, a fusão entre Sadia e Perdigão poderia poupar até R$ 1,8 bilhão para a nova empresa.
A diferença nesta fusão seria o motivo: a situação financeira delicada da Sadia. De acordo com analistas, a situação também pode ser resolvida com injeção de capital pela entrada de novos investidores (provavelmente o BNDES).
O Banco Itaú divulgou um hoje um relatório considerando a fusão improvável, já que 2009 é um ano importante para a Perdigão consolidar suas aquisições. Além disso, o banco acredita que o BNDES não daria incentivos. A ajuda à Sadia se daria através do aumento de capital das ações ON (SDIA3) na ordem de R$ 1 bilhão.
Em 2006 a Sadia fez uma oferta hostil aos acionistas da Perdigão para conseguir o controle da companhia, mas não conseguiu aceitação da maioria (na época a Previ possuía mais de 50% do capital e recusou, em nome dos detentores de 55% do capital de empresa, recusou).
Apesar de ser uma especulação improvável, da para imaginar essa “nova empresa” seguindo os passos da Ambev na conquista pelo mercado mundial (nas devidas proporções, obviamente). Com receita anual de mais de R$ 20 bilhões e portfólio de mais de 3.000 produtos, ela seria líder nos segmentos de massas congeladas, carnes congeladas, pizzas congeladas, margarinas e carnes industrializadas.
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