segunda-feira, janeiro 07, 2008

Retrospectiva 2007 da BM&F para açúcar e álcool

Na edição atual da Síntese Agropecuária da BM&F encontram-se análises de várias commodities agrícolas do ano passado e tendências futuras. A seguir a análise para o setor sucroalcooleiro:


Safra 2007/08 confirma tendência Alcooleira

Preços elevados e crescimento da demanda interna contribuem para incremento na produção de álcool.

O terceiro levantamento da produção brasileira de cana-de-açúcar, safra 2007/08, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indica colheita de 475,1 milhões de toneladas, 10,6% superior à safra 2006/07. Desse total, 47% são destinados à produção de açúcar e 53% para álcool. O crescimento deve-se às boas condições climáticas, aos bons tratos culturais, à irrigação e à introdução de novas variedades mais produtivas. A área ocupada com a cultura é de 6,96 milhões de hectares, 13% (800,4 mil hectares) superior à safra anterior.

O levantamento revela ainda que a produção nacional de álcool será de 20,9 bilhões de litros, 19,5% superior à safra 2006/07. Desse total, 39,2% são de anidro e 60,8% de hidratado. Já a produção de açúcar está estimada em 29,7 milhões de toneladas, 1,9% inferior ao período passado.

No acumulado de janeiro a setembro, os Estados Unidos produziram 17,6 bilhões de litros do biocombustível, aproximadamente 70% do previsto para todo o ano (25 bilhões de litros). Em setembro, as importações do país somaram 95,5 milhões de litros (60,4 milhões de litros do Brasil), queda de 61% quando comparadas a agosto.

Segundo a Organização Internacional do Açúcar (OIA), em seu último relatório de estimativa da safra 2007/08, a produção mundial deverá totalizar 170,3 milhões de toneladas, 2,6% superior a safra 2006/07 (166 milhões de toneladas). O documento aponta também estoque final de 74,7 milhões de toneladas e excedente mundial de 11,1 milhões. Boa parte desse excedente deverá se concentrar na Índia, onde se estima produção de aproximadamente 33 milhões de toneladas e crescimento no estoque de 7 milhões de toneladas.

Conforme estatísticas divulgadas pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), no acumulado de janeiro a novembro, as exportações brasileiras de açúcar totalizaram 17,9 milhões de toneladas, 7,8% superior ao mesmo período de 2006, quando foram exportadas 16,6 milhões de toneladas. Apesar do maior volume 2007, a desvalorização do dólar frente ao real e a queda dos preços internacionais do açúcar contribuíram para redução na receita com exportações (Gráfico 1). No acumulado de janeiro a novembro, a receita com embarques apresentou declínio de 12,5%, totalizando US$4,77 bilhões ante US$5,45 bilhões no ano passado.

No mesmo período, as exportações brasileiras de álcool somaram 3,3 bilhões de litros, 3,9% superior a 2006. No acumulado da safra 2007/08 (maio/07–novembro/07) foram exportados 2,2 bilhões de litros, contra 2,5 bilhões no mesmo período da anterior. Em novembro, o preço médio das exportações foi de US$388,40/m3, decréscimo de 19,6% em relação a novembro passado e de 1,3% em comparação a outubro de 2007. Segundo consultorias do mercado, apesar da euforia mundial pelos biocombustíveis nos últimos anos, as exportações brasileiras de etanol ficaram abaixo do esperado no período.

De janeiro a outubro, os Estados Unidos seguiram como principal destino das exportações brasileiras de etanol, totalizando a compra de 855,9 milhões de litros. Cabe destacar o crescimento das exportações por parte do Japão e Países Baixos no período, 315,3 milhões e 585,7 milhões de litros, respectivamente, o que representa elevação de 39,9% e 68,9% em relação ao exportado durante todo o ano de 2006.

No mercado interno, nota-se demanda regular e aquecida, já que o País conta com uma frota de mais de 4,5 milhões de veículos flex. De acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em outubro as vendas internas somaram 1,5 bilhão de litros. O crescimento das vendas deve-se principalmente ao preço favorável do álcool em comparação à gasolina. Dados do Índice de Preços ao Consumidor revelam que mesmo com a alta dos preços do álcool no período da entressafra, em novembro o álcool custou 46,9% do preço da gasolina no Estado de São Paulo.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que, no acumulado de janeiro a novembro, foram vendidos 1.802.404 veículos flex, respondendo por 85,4% do total de veículos comercializados. O montante é 26% superior a toda frota flex licenciada em 2006 (1.430.334 veículos).

Após apresentar, em 20 de abril, cotação média de R$1,0911 por litro no Estado de São Paulo, maior valor do indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) do álcool anidro em 2007(Gráfico 2), a safra 2007/08 começou em maio, entretanto, em novembro o mercado físico apresentou queda nos preços devido ao início da moagem. Em meados de agosto, a qualidade da cana processada e o aumento do preço do petróleo no mercado internacional, próximo dos US$100,00/ barril na Nymex, contribuíram para movimentos de alta no mercado de etanol da BM&F (Gráfico 3).

O Cepea informou que o mercado interno esteve bastante aquecido em novembro e a quantidade de álcool anidro negociado foi 9,7% maior que a de novembro de 2006. Tal fato, aliado à proximidade da entressafra, contribuiu para que, na primeira quinzena de novembro, os preços do álcool no Estado de São Paulo apresentassem forte elevação, estando 22,3% superior ao mês de outubro.

Com o início da safra e a expectativa do aumento do excedente mundial de açúcar, os preços da mercadoria ficaram abaixo de US$12,50/saca no mercado futuro da BM&F (Gráfico 4). Com a desvalorização cambial, a redução da produção brasileira de açúcar e a expectativa da Rússia, maior importador mundial, elevar a tarifa de importação, o mercado internacional de açúcar na terceira semana de setembro valorizou-se. Porém, os fundamentos quase sempre baixistas contribuíram para novo declínio dos preços, que apresentaram recuperação com a proximidade do final da safra.

A liquidez do contrato futuro de etanol da BM&F tem aumentado mensalmente. Desde seu lançamento, em 18 de maio, até 30 de novembro, foram transacionados 14.588 contratos, apresentando também evolução no número de contratos em aberto (Gráfico 5). Em novembro, foram 5.023 contratos, maior volume em um mês: no dia 8, foram 767, o maior volume em um único dia. Já o contrato futuro de açúcar cristal da BM&F encerrou com 43.467 contratos no acumulado de janeiro a novembro ante 61.101 no mesmo período de 2006. Em 14 de março de 2007, foram 2.654 contratos, maior volume em um único dia.



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