terça-feira, janeiro 08, 2008

Retrospectiva 2007 da BM&F para soja

Dando sequência à nossa série de retrospectivas pubicadas na edição atual da Síntese Agropecuária da BM&F, segue a análise do mercado da soja:

Brasil pode tornar-se o maior exportador de soja em 2008

Os Estados Unidos, atualmente em primeiro lugar, estão reduzindo a área plantada de soja por milho para produção de etanol.

O ano de 2007 começou com grande safra norte-americana colhida em outubro de 2006, porém insuficiente para reverter a voracidade da demanda mundial do grão para abastecimento alimentar e produção de combustíveis a partir de óleos vegetais. Essa produção foi de 86,8 milhões de toneladas e 30,5 milhões de hectares de área plantada. Já a produção brasileira, colhida entre março e maio de 2007, alcançou 58,4 milhões de toneladas em 20,7 milhões de hectares plantados, com produtividade de 47 saca/ha, segundo a Conab. O Gráfico 1 confronta os dados históricos brasileiros com o recorde atingido. Os custos de produção se mantiveram praticamente estáveis e até caíram sensivelmente, como em Goiás. Em conseqüência da certa estabilidade dos custos e do estoque final elevado, a rentabilidade ao produtor se elevou, porém não proporcionalmente aos preços internacionais em função da depreciação do dólar perante o real.

A comercialização da safra 2006/07 está praticamente finalizada com 94% da produção vendida. As exportações brasileiras de soja em 2007 estão acumuladas em 23,2 milhões de toneladas até novembro/07, e os principais destinos são China, Espanha, Países Baixos e Tailândia, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O Brasil pode tornar-se, em 2008, o maior exportador mundial do grão, deixando os Estados Unidos em segundo lugar. Já a quantidade destinada ao esmagamento foi de 30,5 milhões de toneladas até outubro de 2007 (para o ano/safra 2007/08), frente a 28,7 milhões de toneladas na safra anterior.

A safra americana 2007/08, recém-colhida, sofreu grande redução de área plantada em conseqüência da substituição de áreas de soja por milho para produção de etanol. A projeção para essa safra é de 25,8 milhões de hectares plantados, redução de 15,6%, e produção de 70,6 milhões de toneladas. Essa diminuição contribuiu para a pressão nos estoques finais mundiais de soja, que são projetados em 47,3 milhões de toneladas, pois os Estados Unidos são os maiores produtores da cultura.

Embora forte estiagem tenha atingido o cinturão produtor nos EUA no período de plantio (abril e maio de 2007), as condições se normalizaram a tempo para que não impactasse a safra. Já no período de enchimento das vagens, o índice de condição das lavouras se mostrava superior ao mesmo período do ano anterior.

A produção mundial para a safra 2007/08 é 5,9% inferior à anterior, 221,6 milhões de toneladas, reflexo da redução da safra nos EUA. A safra argentina, segundo o USDA, se manteve praticamente no mesmo patamar da safra anterior, 47 milhões de toneladas. Já a chinesa mostrou significativa redução, devido às condições climáticas, projetada para 14,3 milhões de toneladas. Como a China é a maior importadora mundial e sua safra deve ser menor, espera-se que o ritmo de suas importações mantenha-se crescente.

Já o cenário brasileiro para 2007/08, em plantação, é diferente. A crescente demanda mundial pela soja, os baixos estoques finais e a perda de área plantada para o milho nos Estados Unidos, entre outros fatores, fizeram com que o preço da soja aumentasse constantemente e, em conseqüência, a rentabilidade ao produtor melhorou consideravelmente. No Brasil, a soja que tinha perdido áreas para a cana-de-açúcar, milho e algodão, retomou atratividade no cenário brasileiro.

A estimativa de área plantada para esta safra é de 20,9 milhões de hectares, incremento de 1,3% em relação à anterior. A produção deve chegar a 58,1 milhões de toneladas, 0,5% inferior à safra 2006/07 e a produtividade deve ser de 2,8 toneladas por hectare, 1,8% inferior à safra passada, segundo projeção da Conab em dezembro de 2007.

O clima seco, principalmente no Centro-Oeste brasileiro, provocou atraso no plantio da soja em diversas regiões. No entanto, com a melhora climática, essas regiões se recuperaram, apresentando desempenho similar ao do ano passado. Em 7 de dezembro, registrou-se 100% de área plantada esperada no Mato Grosso, 99% no Paraná, 89% no Rio Grande do Sul e 90% em Goiás. Nos primeiros três estados os números são iguais aos do ano passado, apenas Goiás registra atraso. Ainda assim, há preocupação com a La Niña que pode retardar a colheita 2007/08, assim como ocorreu com a safra anterior, na qual o excesso de chuvas no período de colheita provocou o atraso.

A safra 2007/08 seguia em ritmo acelerado com 35% da produção comercializada em 7 de dezembro. O grande volume de negócios é motivado pelos bons preços e é consideravelmente superior ao mesmo período do ano passado, quando se registrava 25% da safra comprometida.

Os preços internacionais da soja ao longo de 2007 tiveram suporte na redução da produção mundial, na expectativa de aumento de consumo, além das condições climáticas tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. No entanto, novos fatores passaram a influenciar o preço mais diretamente como os óleos vegetais e o petróleo, por causa do biocombustível. A quebra da safra do trigo na Europa e o aumento dos preços do milho também ofereceram suporte à soja. Além desses fatores, pode-se observar a depreciação do dólar em relação às principais moedas ao longo de 2007.

Os preços internos acompanharam a valorização internacional, permitindo ao produtor melhorar sua rentabilidade, embora a desvalorização do real tenha diminuído o impacto da alta das cotações. O indicador de preços de Paranaguá do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) valorizou 51,5% ao longo do ano, ante 9,2% em 2006. Os preços no mercado físico valorizaram 60%, em média, sendo que Brasília mostrou a alta mais forte, de 80,5%.

O prêmio de exportação para embarque de soja em maio 2008 foi negociado em 11 de dezembro a –US$¢68,00/bushel, abaixo de sua cotação em 6 de junho de –US$¢47,00.

O mercado de soja registrou 11.891 contratos em novembro. No acumulado de 2007 a soja negociou 173.717 contratos, o que corresponde em produto a 8,1% da produção prevista para a safra 2007/08. O mercado de opções de soja negociou 394 contratos em novembro e acumula, no ano, 7.631 contratos.


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