quarta-feira, janeiro 09, 2008

Retrospectiva 2007 da BM&F para o milho

Como penúltimo artigo de retrospectiva segue a análise para o milho feita pela BM&F. O último artigo será sobre boi gordo.

Brasil alcança terceiro lugar na exportação mundial

Maior necessidade norte-americana de etanol de milho e problemas na produção de trigo na Europa favorecem o milho brasileiro em 2007.

O recente redirecionamento mundial no destino de algumas commodities agrícolas, que atendiam predominantemente setores de consumo animal e humano, para setores de produção de energia combustível, tem gerado dificuldade e incerteza aos mercados. A crescente elevação na demanda de milho por usinas processadoras de etanol nos EUA se refletiu nos preços de diversos mercados ao redor do mundo, como soja, óleos de soja e de palma, etanol, cana-de-açúcar e beterraba.

Em outubro/novembro de 2006, o maior produtor de milho do mundo, os Estados Unidos, colheram 267,6 milhões de toneladas, das quais 53,78 milhões (20%) abasteceram o mercado de etanol. A estimativa para a safra recém-colhida (2007/08), segundo o último relatório do USDA, é de produção de 334,48 milhões de toneladas e consumo destinado ao processamento de etanol de 81,28 milhões de toneladas (Tabela 1). Essa alteração no equilíbrio de oferta e demanda se refletiu nos preços de milho dos EUA (Gráfico 1).

Em meados de 2006, os produtores brasileiros aumentaram a área de milho, influenciados pelos preços correntes do mercado interno (Gráfico 2). Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita entre março e maio de 2007 foi de 36,36 milhões de toneladas, 14,3% acima da safra de verão do ano anterior. Esse aumento foi explicado pelo avanço do cultivo do milho em áreas de soja, assim como clima favorável mesmo com alguns períodos de estiagem. Já em relação à safrinha, a produção ficou em 14,7 milhões de toneladas, 37,4% superior à do ano anterior, graças ao aumento de 37,7% da área de plantio.

O grande destaque do mercado em 2007 foi a quebra de safra de trigo na Europa que gerou necessidade nos processadores de ração de substituição por milho, levando-os à procura por milho no mercado internacional. A Tabela 2 mostra aumento em 33,8% das importações européias e redução pela metade dos estoques finais, com consumo mantendo-se praticamente inalterado. As restrições impostas ao consumo de variedades transgênicas específicas no milho produzido pelos tradicionais fornecedores mundiais (EUA e Argentina), canalizaram a demanda para o milho brasileiro.

O Gráfico 2 mostra o histórico de preços nas principais praças de milho, assim como a região Oeste do Paraná, uma das importantes fornecedoras de milho para exportação pelo Porto de Paranaguá. A partir de agosto os preços de exportação passaram a ter ágio que chegou, segundo o mercado, entre US$80,00/t e US$100,00/t acima da paridade de exportação. Pode-se observar também um movimento ascendente a partir de julho, quando houve problemas na safra de trigo na União Européia. Os preços em Paranaguá no mês de novembro mantiveram-se um pouco mais calmos em relação a Campinas, devido à necessidade de abastecimento do mercado interno.

Os volumes de embarque até o mês de novembro já somam mais de 10 milhões de toneladas, ou seja, 18,7% superior em comparação ao mesmo período em 2006, segundo relatório da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Esse volume representa quase 11% dos 91,89 milhões de toneladas de milho exportados no mundo, deixando o Brasil como o 3º maior exportador mundial de milho.

A estimativa para a safra de verão 2007/08, segundo o último relatório da Conab, ficou em 37,3 milhões de toneladas, ou seja, 2% maior em relação à anterior. Esse acréscimo deve-se ao aumento da área de plantio em 2,8% sobre a safra anterior, totalizando 14,25 milhões de hectares. As estimativas para a safrinha diminuíram 1,4% em área de plantio em relação à safra anterior (66,1 mil ha), conseqüência do plantio tardio da soja, em função do atraso das chuvas.

Em 12 de dezembro, os contratos futuros de milho na BM&F encerraram-se em R$34,57/saca para o vencimento janeiro/ 08 e R$26,53/saca para março/08 (vencimentos mais negociados). No Gráfico 3, nota-se que os preços futuros apresentaram forte movimento ascendente a partir do final de julho.

O mercado futuro de milho na BM&F negociou 183.786 contratos, entre janeiro e novembro de 2007, representando 4,96 milhões de toneladas – só no mês de novembro foram 33.731 contratos, ou 910,7 mil toneladas. No acumulado do ano, foram transacionados, em média, 22,1 mil toneladas por dia.



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