quinta-feira, janeiro 10, 2008

Retrospectiva 2007 da BM&F para boi gordo

Terminando a nossa série de retrospectivas publicadas na Síntese Agropecuária da BM&F, segue abaixo o texto referente ao boi gordo:

A BM&F e a necessidade de proteção em 2007

Os mecanismos de proteção ao risco de preços se tornam necessários diante da maior volatilidade apresentada no mercado de boi gordo nos últimos anos.

O mercado em 2007 refletiu a alteração na disponibilidade de boi gordo em relação aos anos anteriores. A reduzida oferta em 2007 deve-se ao processo de descarte de matrizes que se intensificou nos últimos anos e que conduziu a menor oferta de animais, reflexo da remuneração inferior da atividade comparado a outros setores como soja, milho e cana. No entanto, outros fatores de ordem conjuntural ajudaram a explicar o comportamento de alta verificado entre janeiro e novembro de 2007, que resultou em elevação de 45,12% do Indicador de Preço Disponível de Boi Gordo Esalq/BM&F.

O indicador iniciou o ano com preços equilibrados, cotado a R$53,03/arroba em 2 de janeiro. Nesse mesmo dia, o mercado futuro da BM&F negociava a R$58,63/arroba o vencimento novembro/07 (pico da entressafra de 2007). A variação de R$5,60/arroba que pode ser observada entre a cotação do novembro/07 e o preço físico trazia a expectativa de oferta representativa de animais confinados na entressafra e de contratos a termo entre pecuaristas e frigoríficos. Os preços se comportaram em alta na safra, movimento atípico se comparado aos anos anteriores. Em 21 de maio, o indicador era cotado em R$55,70/arroba, refletindo as condições de oferta reduzida diante da retenção de animais por parte dos pecuaristas, favorecidos pelas chuvas nas regiões produtoras. Porém, apenas na última semana de maio, houve ligeiro aumento de oferta em função das baixas temperaturas que dificultavam a manutenção dos animais nos pastos.

O vencimento novembro/07 apresentou preços estáveis até meados de setembro, enquanto o indicador Esalq/BM&F iniciou movimento de elevação nos preços a partir do início de junho, que se estendeu até a entrada dos primeiros animais de confinamento na segunda quinzena de agosto. Em 1° de junho, o indicador era cotado em R$55,54/arroba, porém, em função da restrita disponibilidade de boi gordo no mercado físico, em 15 de agosto, fechou em R$64,93/arroba. Em 1° de junho e 15 de agosto, a BM&F apontava R$61,50/arroba e R$61,29/arroba, respectivamente, para o vencimento novembro/07. Note no Gráfico 1 que, enquanto o vencimento novembro/07 mostrava estabilidade diante da incerteza do volume de oferta disponível para época de expiração do contrato, o indicador registrava elevação de 16,90% no período.

A segunda quinzena de agosto foi caracterizada pela entrada de lotes de animais confinados e de um maior volume de contratos a termo que contribuíram para pressionar a oferta no mercado e os preços físicos. Sendo assim, o indicador Esalq/BM&F iniciou movimento de redução nos preços que se estendeu até 19 de setembro, quando foi cotado em R$60,00/arroba, desvalorização de 7,59% em relação a 15 de agosto (R$64,93/arroba). Em 19 de setembro, o vencimento novembro/07 foi cotado em R$61,20/arroba.

No entanto, a partir da última semana de setembro, houve ajuste de oferta no mercado de boi gordo diante da restrita disponibilidade de animais prontos para o abate. A estiagem nas regiões produtoras atrasou a entrada de bois de pasto, dificultando a formação de escalas por parte dos frigoríficos. Com isso, a escassez de oferta na época ocasionou movimento de elevação tanto no indicador Esalq/BM&F como no vencimento novembro/07. O indicador atingiu R$76,96@ em 30 de novembro, apresentando crescimento de 28,26% em relação ao indicador de 19 de setembro (R$60,00/arroba), data do início de elevação nos preços. O vencimento novembro/07, no último dia de negociação (30/11), foi cotado a R$76,57/arroba.

As chuvas chegaram somente em meados de novembro e, conseqüentemente, as ofertas do início da safra melhoraram apenas na segunda semana de dezembro. Após o indicador Esalq/BM&F ser cotado a R$77,29/arroba, em 5 de dezembro, a entrada dos primeiros animais prontos em pasto gerou aumento de oferta, deixando equilibrado o mercado de boi gordo. Em 12 de dezembro, o indicador estava em R$74,77/arroba.

O mercado de reposição apresentou preços aquecidos no ano em função da reduzida disponibilidade de bezerros no mercado. O Indicador de Preço Disponível do Bezerro Esalq/BM&F, com formação no Mato Grosso do Sul, iniciou movimento de elevação no começo de 2007, que se manteve até dezembro. O indicador, cotado em R$479,16/cabeça em 5 de dezembro, apresentou alta de 32,36% em relação a 2 de janeiro, quando fechou em R$362,01/cabeça, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq).

A consistência do mercado de boi gordo encontrou suporte nos preços do atacado, que apresentou excelentes marcas no final de 2007, em função da baixa oferta de carne disponível no mercado interno. O traseiro, em 5 de dezembro, foi negociado a R$5,86/kg; o dianteiro a R$3,60/kg; a ponta de agulha a R$3,48/kg; e a carcaça casada a R$4,67/kg. Em relação ao início do ano, o traseiro registrou valorização de 27,39%; o dianteiro de 57,89%; a ponta de agulha 50%; e a carcaça casada 37,35% no período, quando eram cotados a R$4,60/kg, R$2,28/kg, R$2,32/kg e R$3,40/kg, respectivamente, de acordo com o Cepea.

Em relação às exportações brasileiras de carne bovina, em 2007 estas atingiram US$3,66 bilhões em receita cambial no acumulado de janeiro a outubro, crescimento de 15,67% em comparação aos US$3,17 bilhões exportados no mesmo período de 2006, de acordo com a Secretária de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em equivalente carcaça, as exportações alcançaram 2,14 milhões de toneladas no acumulado do ano ante 1,94 milhão de toneladas registradas nos dez primeiros meses de 2006, elevação de 10,50% no volume exportado.

Maio foi o mês em que as exportações atingiram o melhor desempenho de 2007 ao exportar US$438,66 milhões em receita cambial, o que representa 262,68 mil toneladas em equivalente carcaça. Porém, o mês de outubro registrou os melhores preços médios de carne bovina exportada até o momento (US$3.095,00/tonelada).

Essa alteração de comportamento nos preços do boi gordo, adicionado aos fatores conjunturais, trouxe maior volatilidade ao mercado que, em 2007, foi de 14,30%. Em relação ao primeiro e ao segundo semestres de 2007, a volatilidade do período foi de 11,77% e 16,72%, respectivamente (Gráfico 3). Diante desse acréscimo de volatilidade e das incertezas em relação à direção e à magnitude dos preços, os agentes buscaram mecanismos de proteção ao risco de oscilação dos preços. O mercado futuro de boi gordo da BM&F negociou, até 12 de dezembro, 884.408 contratos, o equivalente a 17,68 milhões de cabeças, ante 392.012 contratos futuros de boi gordo (7,86 milhões de cabeças) transacionados em 2006.

Até 12 de dezembro, no mercado de opções, foram negociados 6.235 contratos ante 1.238 contratos de de 2006. No total, a BM&F negociou 890.643 contratos de boi gordo (futuro e opções), equivalente a 17,81 milhões de cabeças. Em todo o ano de 2006, foram transacionados 393.250 contratos de boi gordo (futuro e opções), o que representa 7,86 milhões de cabeças.

Para 2008 os agentes da cadeia pecuária devem procurar uma corretora membro da BM&F para garantir antecipadamente suas margens de lucro e fixar seus custos de aquisição de boi gordo, soja e milho. A lista encontra-se no site http://www.bmf.com.br/.


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