quinta-feira, março 05, 2009

Mercado de máquinas despenca e um Agrishow sem tratores

Como já era esperado, ocorreu queda significativa na venda de máquinas agrícola no mês passado. Outro assunto interessante é a não presença das indústrias de tratores no Agrishow deste ano. As notícias abaixo da Gazeta Mercantil nos mostram os detalhes:

Vendas de máquinas caem 25%

São Paulo, 5 de Março de 2009 - As vendas de máquinas e implementos agrícolas despencaram mais 25% no primeiro mês do ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior. E, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas (Abimaq), em fevereiro o tamanho do rombo no setor deve ser o mesmo. "Se repetir esse comportamento também em março a situação começa a ficar preocupante", avalia Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq.

De acordo com Aubert, apenas uma das 30 câmaras setoriais que compõem a Abimaq registrou crescimento nos dois primeiros meses do ano. "Somente o setor de válvulas industriais negociou volume superior ao do ano passado", revela. Em 2008, o setor de máquinas e implementos agrícolas faturou R$ 8,34 milhões, valor 42,5% maior em relação a 2007.

As vendas de colheitadeiras acompanharam essa tendência de baixa e registraram retração de 27% no primeiro mês de 2009, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Essa foi a pior e única queda amargada pelo segmento nos últimos 30 meses. Segundo Rego, a recuperação inaugurada em 2006 pelo setor foi freada no final do ano passado. "E em fevereiro a expectativa é que a situação fique ainda pior". O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas, Luiz Aubert Neto, lembra que no fim de 2008 as vendas de colheitadeira ficaram 50% menor.

Apenas os veículos agrícolas de pequeno porte comemoram crescimento no referente mês, sustentando as vendas de tratores em um patamar 17% maior que o volume de negociação do mesmo período do ano passado. "Em termos de unidade estamos vendendo mais, mas a potência que chega ao campo é infinitamente menor", calcula Milton Rego, vice-presidente da Anfavea.

A alta nas vendas de tratores de até 100 cv de potência no começo de 2009 foi impulsionada por programas governamentais como o "Mais Alimento", do governo federal e o "Pró Trator" do governo paulista que garantem que a dívida do produtor se prolongue por um período maior com uma taxa de juros menor.

Solo fértil

Menos máquinas agrícolas carregam até o campo uma quantidade maior de fertilizantes. De acordo com levantamento consolidado da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), em janeiro as indústrias entregaram 1,343 mil toneladas de adubos, volume 37% maior que o negociado em dezembro mas ainda 27,7% menor que o do mesmo período do ano passado.

Eduardo Daher pondera que o mercado não vai voltar a se comportar como na safra 2007/08, mas argumenta que o setor já sinaliza uma melhora pontual. "Continuamos o quarto maior mercado do mundo". Segundo ele, as carteiras de pedidos indicam uma entrega de 1,3 milhão de toneladas de fertilizantes em fevereiro. Em 2008, uma antecipação por parte dos agricultores culminou em uma entrega de 1,852 milhão de toneladas no mês de fevereiro.

A recuperação do mercado de adubos em relação aos três últimos e retraídos meses do ano passado acompanha, não na mesma proporção, uma queda nos preços de 15% dos fertilizantes vendidos no mercado interno. (Gilmara Botelho)

Agrishow se despede de Ribeirão Preto sem estandes de tratores

São Paulo, Ribeirão Preto, 5 de Março de 2009 - Sem a participação dos grandes produtores de tratores, colheitadeiras, implementos agrícolas e caminhões, a 16 edição da Agrishow, a ser realizada ainda em Ribeirão Preto, perde prestígio. Multinacionais como John Deere, Case, New Holand (CNH), Agco, Massey Fergunson, Scania e Mercedes-Benz, que sempre ostentaram os maiores e mais requintados estandes da Agrishow, vão ficar de fora da feira, considerada uma das maiores exposições de máquinas agrícolas do planeta.

A Agrale, tampouco suas subsidiárias, participarão do evento este ano. De acordo com Nelson Watanabe, gerente de vendas da Agritech Lavrale, uma das subsidiárias em questão, a empresa segue a conduta estipulada pelo Grupo determinada em conjunto com os presidentes das outras empresas do segmento associadas à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). "Os fabricantes de tratores avaliam que não são consultados quando da realização da exposição", justifica. Segundo Watanabe, os agricultores que frequentam a Agrishow são motivados principalmente pelas empresas de máquinas agrícolas.

Milton Rego, diretor de relações externas da CNH e vice-presidente da Anfavea, explica que essa decisão de não participar do evento é das associadas e não da Associação propriamente dita. "Ninguém voltou atrás e nem vai voltar", antecipa. Rego justifica a ausência se apoiando no aumento dos custos e na sugestão dada pela Anfavea de realizar a feira a cada dois anos e negada pela organização da Agrishow. "A decisão não foi motivada apenas pela crise", afirma. Tanto a Case IH, quanto a New Holand confirmaram que não estarão em Ribeirão Preto (SP) este ano.

Os altos gastos alegados com montagem, transporte de equipamentos, viagens, hospedagem e alimentação de executivos e convidados, a Anfavea anunciou ainda em dezembro que suas associadas não participariam da Agrishow. As respectivas concessionárias também não deverão participar do evento. Caminho idêntico deverão seguir grandes fabricantes nacionais de implementos agrícolas, como Jumil, Marchesan e Jacto, que não confirmaram participação na feira, segundo uma fonte da Reed Exhibition Alcantara Machado, promotora da Agrishow.

O novo presidente da feira, Cesário Ramalho da Silva, que também preside a Sociedade Rural Brasileira (SRB) não assume a ausência já declarada das associadas Anfavea, mas rebate ameaçando "ir atrás das empresas exigindo uma justificativa".

Mesmo sem a participação das associadas da Anfavea, a Agrishow projeta um crescimento no número de expositores para este ano. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas (Abimaq), Luiz Aubert Neto, a Agrishow 2009 vai receber 775 expositores, 55 deles internacionais, antes os 745 da versão 2008.

A expectativa dos organizadores do evento é movimentar cerca de R$ 870 milhões - no ano passado a Agrishow contabilizou R$ 800 milhões em negócios. São esperados 140 mil visitantes este ano. "Se o volume de negócios for menor do que o esperado, estará dentro da realidade do mercado", pondera o novo presidente.

A Agrishow 2009 será a última edição da feira em Ribeirão Preto. No próximo ano, o evento tem nova casa: São Carlos, a 240 km de São Paulo e a 80 km de Ribeirão Preto. Para a realização da feira, a cidade vai receber R$ 53 milhões para investir em infraestrutura, como rede elétrica e modernização dos acessos à cidade.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, problemas com a estrutura do evento em Ribeirão Preto desagradavam os fabricantes de tratores. "Fizemos estudos em Araras, Piracicaba, São Carlos e até em Ribeirão Preto. A melhor proposta foi de São Carlos", diz Aubert. Ele conta que a cidade carece de rede hoteleira para atender aos visitantes da feira. "Mas isso não impede a realização do evento". Segundo ele, as cidades próximas podem resolver o problema, inclusive Ribeirão Preto.

A Embrapa cedeu um terreno de 240 hectares na região para desenvolver projetos de agroenergia. A concessão é por 50 anos, renováveis por mais 50 anos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma Agrishow sem tratores pode perder o brilho do evento. Alias, grande parte do faturamento da feira de 2008 vieram das vendas de tratores e máquinas.

Espero que mudando de cidade a feira volte a receber os tratores como nunca deveria ter deixado.

Wilhian Pelloso

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