sexta-feira, novembro 16, 2007

Fruticultura - um potencial imenso

A fruticultura tem um potencial imenso no Brasil. O artigo do Roberto Rodrigues publicado na Gazeta Mercantil retrata bem este quadro:

Fruticultura - uma nova fronteira para a exportação

Roberto Rodrigues

16 de Novembro de 2007 - A fruticultura brasileira vem ganhando mercados interessantes, graças à sua ampla variedade, inovação tecnológica e qualidade cada vez maior.

O Brasil é o 3 maior produtor mundial de frutas, mas 95% do seu consumo ainda se destina ao mercado interno. Assim, o crescimento das exportações, embora expressivo, tem um extraordinário potencial. Há números que impressionam: 92% de toda uva "in natura" exportada pelo País sai de Petrolina, Pernambuco. E os produtores da região estão trocando suas variedades por outras sem sementes, muito apreciadas lá fora, o que sem dúvida ampliará os mercados. O açaí, uma fruta tropical da Amazônia, é hoje uma coqueluche nos Estados Unidos, e seus sorvetes e sucos valem uma fortuna.

Grande parte deste sucesso se deve ao Sistema de Produção Integrado de Frutas (PIF), projeto do Ministério da Agricultura que agrega tecnologias sustentáveis que racionalizam a atividade, reduzindo o uso de fertilizantes e defensivos, monitorando o uso da água, do solo, do meio ambiente, inclusive no pós-colheita, regulando todos os passos da produção, de modo a permitir a rastreabilidade e certificação. O etiquetamento dos lotes ainda no campo, e até o processamento, garantem a identificação do produto ao consumidor, através de embalagens contendo selos de conformidade. Hoje já existem dezenas de projetos do PIF em 14 estados, alcançando 17 espécies frutíferas, em 40.000 hectares plantados, atendendo a mais de 1.500 produtores individuais, especialmente os pequenos.

Estima-se que a economia com a redução do uso de fertilizantes em maçã chegue a 40%. Em uva de mesa, calcula-se que, de 2005 até agora, a redução do uso de fungicidas foi de 42%, o de acaricida foi de 89% e o de herbicidas, 100%! Tais dados, além de indicarem economias nos custos de produção, referenciam frutas com melhor qualidade e produtividade, além dos efeitos ambientais positivos.

De todas as frutas, a mais produzida é a laranja, com uma previsão de colheita próxima de 18 milhões de toneladas em 2007. Depois vem a banana, com estimativa de 7 milhões de toneladas neste ano. A uva vem a seguir, perto de 1,3 milhão de toneladas, a maçã logo atrás, com 950 mil toneladas.

O quinto colocado na produção é o coco, cuja unidade de medida é o fruto mesmo (2 milhões neste ano) e o sexto é o abacaxi (1.7 milhão de frutos).

Para aumentar as exportações, os produtores estão investindo na qualidade, o que implica até a definição do tamanho da fruta: às vezes, um abacate ou um abacaxi pequeno tem mais aceitação lá fora do que um grande, devido aos hábitos de consumo. Por outro lado, investimentos importantes são necessários na cadeia do frio (armazenamento e transporte frigorífico) até o porto ou aeroporto, e vem sendo feitos pelos produtores. Laboratórios que atestam a qualidade também foram instalados próximo às áreas de exportação.

Em 2006, exportamos US$ 472 milhões em frutas in natura, sem falar nos sucos. Deste total, surpreendentemente, a uva representou 25%, cerca de US$ 118 milhões. Em seguida vêm: melão (US$ 88 milhões), manga (US$ 85 milhões), banana (US$ 38 milhões), limão (US$ 33 milhões), maçã (US$ 32 milhões) e papaia (US$ 30 milhões). A laranja fruta foi a oitava colocada, com apenas US$ 16 milhões, embora o suco de laranja tenha respondido por US$ 1,5 bilhão das exportações em 2006.

Mas outras frutas vão ganhando mercado, graças ao PIF e ao trabalho caprichoso dos produtores: abacaxi, abacate, coco, figo, tangerina, goiaba e outras, estão avançando. E no mercado interno cresce o consumo de frutas como pêssego, pêra, caqui, marmelo, melancia, mamão, entre outras.

A fruticultura é uma atividade interessante, porque pode ser executada por pequenos produtores, com alto valor agregado. Adicionalmente, através de cooperativas, pode-se verticalizar a produção, com a industrialização, gerando sucos, doces, compotas, geléias, etc.

Quando todo o corte da cana estiver mecanizado, cerca de 10% da área hoje plantada com a gramínea poderá ser plantada com frutas. Só no Estado de São Paulo, isto representará mais de 350 mil hectares. Sem dúvida, uma bela fronteira a conquistar.
Nossos produtores vão se firmando pela competência, embora exportemos ainda pouco mais de um quarto do valor exportado pelo Chile.

Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior de Agronegócio da Fiesp, professor de Economia Rural da Unesp (Jaboticabal) e ex-ministro da Agricultura. Próximo artigo do autor em 14 de dezembro)

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