sexta-feira, outubro 24, 2008

Globalização só quando os preços sobem? E quando eles caem?

Muito interessante a notícia abaixo da Gazeta Mercantil de ontem, que diz que os herbicidas já estão bem mais baratos na China e que por estas bandas os preços ainda estão subindo. A globalização é engraçada, no movimento de subida sobem todos juntos, já para descer....

Preço de herbicida despenca na China e dispara no Brasil

São Paulo, 23 de Outubro de 2008 - A arrancada nos preços do herbicida glifosato - defensivo mais utilizado nas lavouras mundiais -, que começou ainda no primeiro semestre de 2007, já ensaia uma tendência inversa, mas só na China. O maior produtor e exportador mundial viu a cotação do produto despencar do alto dos US$ 14 o quilo (em julho), para apenas US$ 4,80 - valor negociado por lá na última semana. Por aqui, os preços do glifosato continuam em elevação. Análise da Scot Consultoria, aponta para um aumento superior a 30% no último ano.

De acordo com o consultor Flávio Hirata, da AllierBrasil Consulting, essa queda além mar pode ser justificada pelo "aumento de capacidade de produção da maioria das 72 fábricas chinesas, que apostavam em um aumento ainda maior da demanda mundial". Apenas uma delas não exporta glifosato. A China é hoje responsável pela produção de quase 600 milhões de toneladas do herbicida, das 700 milhões de toneladas consumidas mundialmente. O gigante asiático exporta 80% de todo glifosato que produz.

"As empresas que apostaram no glifosato agora vão vender mais barato, com uma margem menor", calcula Hirata. E, segundo ele, a questão é saber até onde vai essa queda. Em 2006, o glifosato estava cotado em Xangai a US$ 3,28. De acordo com os cálculos do consultor, a indústria chinesa ainda opera com margem de lucro. O investimento aplicado nas plantas industriais resultou em um aumento considerável da oferta do produto em solo chinês, "e agora o País ainda está na entressafra, o que pressiona o preço da commodity ainda mais para baixo", acrescenta Hirata.

O preço de custo do defensivo é de cerca de US$ 4,20. "Vale a pena continuar produzindo porque os volumes negociados ainda são grandes". Essa mudança no cenário chinês de defensivos é, em parte, culpa das ações do governo daquele País que colocou em vigor novas normas para regulamentar as quatro mil empresas que atendiam essa fatia do agronegócio.

Mas esses preços amenos que o produtor já encontra nas prateleiras chinesas, só devem começar a ser praticados aqui no próximo ano, com o "aval da Monsanto, que regula os preços no mercado interno", pondera Aedson Pereira, consultor da AgraFNP. E, ainda segundo ele, trazer o produto "de lá para cá é complicado". "Nós já estamos plantando a safra 2009, está em cima da hora. O Brasil só deve absorver esse tombo da China a partir de janeiro, período de entressafra por aqui". No nosso aquecido mercado interno de defensivo não se encontra glifosato abaixo dos US$ 10 o quilo, em alguns mercados ainda é praticado os US$ 14. A expectativa de preços mais baixos fica para a safrinha.

Durante todo o ano passado, as lavouras brasileiras consumiram cerca de 600 milhões de litros de glifosato (correspondentes a formulação de 480 gramas por litro), e 90% de todo esse defensivo saíram dos estoques da multinacional Monsanto, dona da maior fatia do mercado interno. Nesse mesmo ano, o País importou 60 milhões de litros deste herbicida.

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