A crise financeira já está afetando os mercados de commodities e com isso causando a baixo do valor das commodities. A reportagem de quarta-feira do Valor Econômico mostra isso:
Commodities tombam em setembro
Fernando Lopes e Mônica Scaramuzzo
O tremor que sacudiu os mercados financeiros mundiais em setembro, sobretudo na última semana do mês, provocou a redução das cotações médias mensais dos principais produtos agrícolas negociados pelo Brasil no exterior.
Na bolsa de Chicago, os grãos recuaram às menores médias em pelo menos seis meses; em Nova York, as chamadas "soft commodities" continuaram bastante pressionadas, com destaque para o suco de laranja, que desceu ao menor patamar em mais de três anos.
Ainda que os fundamentos de curto prazo de cada mercado tenham influenciado as oscilações - e que as perspectivas de longo prazo, baseadas no avanço dos emergentes, tenham evitado tombos maiores -, o setembro agrícola foi basicamente guiado pelos passos dos fundos de investimentos.
Em geral eles reduziram suas apostas em commodities agrícolas em meio à turbulência, daí a perda geral de sustentação. Em parte a fuga é explicada pela necessidade dos fundos de cobrir posições em outros mercados, e em parte pelo temor de que haja esvaziamento da demanda em razão da desaceleração econômica que se configura.
"Estamos em meio a uma liquidação, com fundos quebrando e outros 'congelados' para serem liquidados de forma mais ordenada. Muitos estão preferindo deixar o dinheiro em caixa, outros estão investindo em ouro ou em outras aplicações [hoje menos instáveis]", afirma Vinícius Ito, analista da Newedge baseado em Nova York.
Segundo a empresa, a posição bruta dos fundos de índices (index funds) em contratos comprados em aberto tem caído com a diáspora. Para o trigo, a posição bruta até ontem estava em 188 mil contratos; para soja, em 135 mil; para o milho, em 369 mil; para o café, 55 mil; para o açúcar, em 368 mil; e para o algodão, em 97,7 mil.
Cálculos do Valor Data baseados nos contratos de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) negociados nas bolsas de Chicago e Nova York mostram que, do universo pesquisado, a maior queda no mês passado foi a do trigo. O preço médio do cereal, 12,27% inferior ao de agosto, é o menor, segundo esse critério, desde agosto de 2007. Em relação à média de setembro do ano passado, a queda é de 14,71%.
As contas são menos impactantes para soja e milho, que permanecem bem atreladas ao petróleo. A cotação média da soja recuou 7,11% sobre agosto e atingiu o menor patamar desde dezembro de 2007. Em relação a setembro do ano passado, há alta de 23,88%. O milho registrou média 1,74% inferior a do mês anterior, a menor desde fevereiro deste ano, mas em doze meses o ganho é de 52,26%.
Para os grãos, as commodities agrícolas mais transacionadas, os fundamentos tendem a ganhar força na formação de preços, seja pela redução da participação dos fundos, seja a partir do novo relatório de estoques americanos, divulgado ontem pelo departamento de agricultura do país (USDA). Mas só quando o salvamento das finanças dos EUA for definido.
No relatório, o USDA constatou produção e estoques maiores de soja nos EUA nesta safra 2008/09 do que os anteriormente previstos. Para o milho, a surpresa foram os estoques, também mais gordos do que se acreditava, o que o mercado recebeu como uma prova de incertezas na demanda. Resultado: ambos despencaram ontem, pressionado as médias mensais. Como para o trigo os estoques americano ficaram abaixo do esperado, os preços subiram em Chicago.
Como em Chicago, Nova York surfou as ondas da crise em setembro. E, como em Chicago, essas ondas ainda não diminuíram, tirando suporte sobretudo dos preços do algodão. "É uma das primeiras commodities agrícolas a sentir o peso da desaceleração da economia global", diz Fernando Martins, também da Newedge. "Há preocupações com a queda do consumo. Os estoques estão altos e as compras estão sendo da 'mão para boca'".
Não é muito diferente para suco de laranja e cacau, produtos considerados mais "dispensáveis" do que os grãos, por exemplo. Se o preço médio do algodão em setembro foi 8,8% menor que o de agosto, o do suco ficou 7,82% abaixo e a queda do cacau foi de 4,91%.
Para açúcar e café - que caíram 6,73% e 2,37%, respectivamente -, a tendência é que os fundamentos ganhem espaço. No açúcar, a oferta será menor que a demanda em 2008/09, o foco do Brasil está no etanol e a Índia pesará menos no mercado. No café, a produção em 2009/10 no Brasil será mais baixa e o consumo global pode crescer.
Commodities tombam em setembro
Fernando Lopes e Mônica Scaramuzzo
O tremor que sacudiu os mercados financeiros mundiais em setembro, sobretudo na última semana do mês, provocou a redução das cotações médias mensais dos principais produtos agrícolas negociados pelo Brasil no exterior.
Na bolsa de Chicago, os grãos recuaram às menores médias em pelo menos seis meses; em Nova York, as chamadas "soft commodities" continuaram bastante pressionadas, com destaque para o suco de laranja, que desceu ao menor patamar em mais de três anos.
Ainda que os fundamentos de curto prazo de cada mercado tenham influenciado as oscilações - e que as perspectivas de longo prazo, baseadas no avanço dos emergentes, tenham evitado tombos maiores -, o setembro agrícola foi basicamente guiado pelos passos dos fundos de investimentos.
Em geral eles reduziram suas apostas em commodities agrícolas em meio à turbulência, daí a perda geral de sustentação. Em parte a fuga é explicada pela necessidade dos fundos de cobrir posições em outros mercados, e em parte pelo temor de que haja esvaziamento da demanda em razão da desaceleração econômica que se configura.
"Estamos em meio a uma liquidação, com fundos quebrando e outros 'congelados' para serem liquidados de forma mais ordenada. Muitos estão preferindo deixar o dinheiro em caixa, outros estão investindo em ouro ou em outras aplicações [hoje menos instáveis]", afirma Vinícius Ito, analista da Newedge baseado em Nova York.
Segundo a empresa, a posição bruta dos fundos de índices (index funds) em contratos comprados em aberto tem caído com a diáspora. Para o trigo, a posição bruta até ontem estava em 188 mil contratos; para soja, em 135 mil; para o milho, em 369 mil; para o café, 55 mil; para o açúcar, em 368 mil; e para o algodão, em 97,7 mil.
Cálculos do Valor Data baseados nos contratos de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez) negociados nas bolsas de Chicago e Nova York mostram que, do universo pesquisado, a maior queda no mês passado foi a do trigo. O preço médio do cereal, 12,27% inferior ao de agosto, é o menor, segundo esse critério, desde agosto de 2007. Em relação à média de setembro do ano passado, a queda é de 14,71%.
As contas são menos impactantes para soja e milho, que permanecem bem atreladas ao petróleo. A cotação média da soja recuou 7,11% sobre agosto e atingiu o menor patamar desde dezembro de 2007. Em relação a setembro do ano passado, há alta de 23,88%. O milho registrou média 1,74% inferior a do mês anterior, a menor desde fevereiro deste ano, mas em doze meses o ganho é de 52,26%.
Para os grãos, as commodities agrícolas mais transacionadas, os fundamentos tendem a ganhar força na formação de preços, seja pela redução da participação dos fundos, seja a partir do novo relatório de estoques americanos, divulgado ontem pelo departamento de agricultura do país (USDA). Mas só quando o salvamento das finanças dos EUA for definido.
No relatório, o USDA constatou produção e estoques maiores de soja nos EUA nesta safra 2008/09 do que os anteriormente previstos. Para o milho, a surpresa foram os estoques, também mais gordos do que se acreditava, o que o mercado recebeu como uma prova de incertezas na demanda. Resultado: ambos despencaram ontem, pressionado as médias mensais. Como para o trigo os estoques americano ficaram abaixo do esperado, os preços subiram em Chicago.
Como em Chicago, Nova York surfou as ondas da crise em setembro. E, como em Chicago, essas ondas ainda não diminuíram, tirando suporte sobretudo dos preços do algodão. "É uma das primeiras commodities agrícolas a sentir o peso da desaceleração da economia global", diz Fernando Martins, também da Newedge. "Há preocupações com a queda do consumo. Os estoques estão altos e as compras estão sendo da 'mão para boca'".
Não é muito diferente para suco de laranja e cacau, produtos considerados mais "dispensáveis" do que os grãos, por exemplo. Se o preço médio do algodão em setembro foi 8,8% menor que o de agosto, o do suco ficou 7,82% abaixo e a queda do cacau foi de 4,91%.
Para açúcar e café - que caíram 6,73% e 2,37%, respectivamente -, a tendência é que os fundamentos ganhem espaço. No açúcar, a oferta será menor que a demanda em 2008/09, o foco do Brasil está no etanol e a Índia pesará menos no mercado. No café, a produção em 2009/10 no Brasil será mais baixa e o consumo global pode crescer.
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